História da Kombi: O criador, o projeto e os protótipos de 1949


Texto de Ademir Sgrott e Jean Strifezzi
Disponibilizado Por Thiago Rocha e Luiz Witter
Atualizado por Eduardo Gedrait com a colaboração de Jean Strifezzi, Aluisio Lemos e Johnny Higashi
Fotos Luiz Kessler

Criaçao: Maio de 2014
Atualização: Outubro de 2017

O projeto do utilitário mais famoso do mundo começou a ser esboçado em Wolfsburg, na Alemanha, logo após a Segunda Guerra Mundial. Nesta época, a fábrica da Volkswagen ainda não estava completamente refeita dos danos do conflito e dos bombardeios, embora já estivesse produzindo razoavelmente o Sedan (Fusca).

Para entendermos como o monovolume de carga mais famoso do mundo foi concebido, temos que unir a criatividade e visão empreendedora de três homens.
A Europa pós-guerra estava a ser reconstruída, e o transporte e a logística eram setores importantíssimos para o velho continente se reerguer.

O ano era 1947, a Alemanha era então ocupada pelas forças aliadas, os oficiais aliados (na maioria ingleses e americanos) dividiam os poderes nas indústrias e fábricas para não só administrarem o devastado território teutônico, como também aprimorar e entender a genial engenharia alemã que muito trabalho deu durante os cinco anos de guerra, onde a produção da economia era toda fundamentada e direcionada para a produção bélica.

Um holandês chamado Ben Pon, que tinha licença para revender os produtos VW, começa a imaginar um veículo de carga com características robustas, utilizando as já resistentes características do Sedan e sua plataforma.
Ele começa a fazer esboços sempre observando um estranho veículo de carga que a VW utilizava dentro da fábrica para transportes internos: o Plattenwagen (ou “carro aplainado”), baseado no chassis de fusca (ou dos Kubelwagen que haviam sobrado da guerra, uma espécie de fusca militar), que mais parecia estar andando ao contrário, pois sua cabine era localizada na “traseira” do chassis com capacidade para duas pessoas, montada em cima do motor, tendo a caçamba toda na dianteira do veículo.


Bem Pon



O Plattenwagen

Pon pede ao engenheiro alemão Alfred Hesnner que aprimore seus desenhos, e então os apresenta ao então administrador provisório, o major inglês Ivan Hirst, que simpatiza com a idéia e após algum tempo “compra” a idéia do holandês.

O dia em que Ben Pon aprimorou seus desenhos é então considerado o dia do nascimento da Kombi, 23 de abril de 1947. O engo Hesnner assume então a ordem de iniciar a produção já em janeiro de 1948, e,sob o controle novamente dos alemães e presidida por Heinrich “Heinz” Nordhoff, a Kombi, ou o “VW Transporter” começa a rodar em março do mesmo ano para testes.



Primeiros esboços de como seria a Kombi.

Os ingleses, que ainda ocupavam a fábrica de Wolfsburg, não se interessaram pelo projeto. Só depois que as tropas britânicas deixaram a empresa é que o utilitário entrou em linha. Era março de 1950. No início, era só um furgão todo fechado que recebeu a denominação Typ 2.

A idéia original era aproveitar o chassi-plataforma de estrutura central que servia para o Sedan (e o Kubelwagen), com óbvias simplificação de produção e redução de custos. Mas problemas de resistência logo apareceram, levando a VW a desenvolver um novo chassi que suportasse o peso previsto. Resolveu-se partir para uma estrutura monobloco, solução mais moderna.

É importante saber que o Sedan poderia ter sido monobloco desde o começo, mas o astuto Prof. Ferdinand Porsche, seu criador, anteviu um derivado para uso militar e decidiu pela construção separada. O chassi do Sedan serviria para fabricar o Kubelwagen assim que o conflito bélico começou. Não fosse por esta decisão, uma infinidade de bugues e veículos especiais com plataforma VW, aqui e no resto do mundo, teria dificuldade bem maior de ser produzida.

As versões protótipo das primeiras Kombi logo ganharam o apelido de “pão de fôrma” ou “bulli”, devido às suas formas arredondadas e esticadas. Mas este carinhoso apelido não tinha se tornado o nome oficial, e a fábrica referia-se à ela apenas como “type 2” ou “tipo2” .



As frentes retilíneas iniciais foram rejeitadas por prejudicar a aerodinâmica.
















Protótipo inicial da Kombi sem janelas e para-choques traseiros.

Para o protótipo, destaca Johnny: "Dentre as várias curiosidades a serem observadas nos verdadeiros protótipos de 1949, além das aletas de ventilação na vertical, destaco algumas que chamam a atenção:
- observem as dobradiças superiores das portas dianteiras. Estão instaladas abaixo da linha de cintura. Nas que foram para a linha de produção, as dobradiças foram posicionadas mais para cima, na linha de cintura propriamente dita;
- notem também o design do parachoque dianteiro. No intervalo da placa, os vincos do gomo são bem definidos, com cantos vivos. Além disso, nas extremidades, o gomo é bem saliente, saindo do corpo do parachoque."






A respeito desta ultima que foi fotografada no Auto Museum da VW, segundo Johnny: "É um protótipo sim, mas infelizmente, nem mesmo a VW Alemã fez um trabalho de restauração que esse exemplar merecia. Foruns especializados, mundo afora, criticam itens que estão equivocados nesse raríssimo exemplar: parachoque dianteiro de modelo errado, rodas aro 15" ao invés das rodas corretas de 16", saia traseira do motor com o dente de saída do cano de escape (não deveria ter), o esquisito janelão traseiro (não havia janela traseira), etc, etc.

Segundo consta, esse protótipo (chassi 20-0010) nunca rodou fora da fábrica da VW. Era usada internamente, dentro da fábrica, para transporte de peças. Em determinado momento eles a "restauraram sem muito critério" e a colocaram no Automuseum."

Mais informações: https://www.vwbusstop.demon.nl/bushistory/index.html (site em inglês e alemão).

                                                                                                                                             

 

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